Escrevo pequenos poemas que escorrem das minhas noites insones. São autobiográficos? Não e sim. Poemas simples, de quem precisa da escrita como precisa de ar. Por que escrevê-los num blog? Porque preciso de amigos, amigos-estranhos e de estranhos, penetrando no texto com observações impertinentes. Posso me arrepender disto? Posso. Mas como sou estupidamente apaixonada pela vida perigosa de todos os dias, vou começar..
sexta-feira, 17 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
Minha noite seu cansaço.
Teu silêncio é meu assombro.
Sua presença me amansa.
Nosso amor é uma criança.
Tua vida é meu assunto.
Teu sexo minha precisão.
Ela gosta de passear na minha cama
fazer cosquinhas nos meu pensamentos
bagunçar o meu coreto
Ela insiste em ser alegre
Em apostar na cor
Desenhando minha vida
em seu caderninho rosa
Ai, já tentei expulsá-la daqui
Ai, já fechei os olhos para não vê-la.
Mas ela é tão estrela
Que me paralisa
Então, danço ciranda
brinco de princesa
faço comidinhas
viro fada e escrevo nos meus diários.
Ela não descansa,
Ela não se amansa,
Quer ficar comigo,
insistindo em provocar suspiros.
Ela ri do meu cansaço.
Ri dos meus dilemas,
Zomba do meu passado
E me empurra para o que virá.
Ela é doida e desajustada.
Indecente e exagerada.
Ai, essa tontinha insiste em espantar o tédio
esbanjando esperança
Já disse: Não sou criança!
Mas ela não acata.
Quer esconder meus rancores
exibindo minha ternura.
Essa menina pensa ser meu anjo,
quer me proteger de mim.
Quer me aliviar de todo meu desespero.
me emprestando seu sorriso lindo.
Ela assopra minhas feridas
me contaminando de coragem,
Ela canta uma canção inventada
convidando o sol para minha fresta.
Ai minha menina,
enrola meus cachinhos.
Quero ter um espelho.
para ver melhor seus olhos nus.
sábado, 11 de abril de 2009
Essa cena merece um poema, insisto.
Essa cena merece ser pronunciada, eu sei.
Essa cena, no entanto paralisa meus dedos diante da tecla.
Essa cena é uma cela, prendendo meu pensamento.
Descrever essa maravilha tem sido um tormento.
Nada cabe, nada revela, nada compõe.
Seriam pudores prisão acatando a censura silenciosa?
Seriam timidos impedimentos ruborizando a solidão?
Estou me consumindo, quero escrever e nada sai.
Estou me esvaindo, sem fome, sem paz
No meu corpo um sentimento palavra querendo possuir o papel.
No meu coração um desejo de fazer um poema presente para o amor lilás.
Desconfio que tenho que inventar palavras para descrever nosso encontro cais.
Por hoje, vou narrar no seu ouvidinho bem devagarinho.
A cena emblema que revela nosso amor demais.
Você entre minhas pernas, olhando verde os meus iguais.
Que de tanto olhar para os seus perderam sua cor original.
Você fazendo aquilo que só você faz.
Lindo, indo e vindo por onde ninguém mais.
Língua, saliva, suor, sal e só.
Depois mais e mais.
Uma invasão permitida.
Um desvelamento de tudo que em mim chama fogo.
Um assanhamento de todas as indecentes carnes.
Uma posse desavergonhada da pele acesa e molhada.
Cada vez mais tonta, cada vez mais tara, tatuagem.
Seu sexo, segue embraseando tudo que é morno.
Sua boca segue arrepiando tudo que em mim descansa.
Essa lembrança me faz tomar muitos banhos quando você não está por perto.
Ainda não consigo descrever o que é olhar para você
enquanto avança repetidas vezes sobre o que em mim te aguarda.
Ainda não sei e sigo agoniada.
Quero te dar escrito num papel de carta meu contentamento.
Quero te dar um pedaço do que em mim explode e quer gritar.
Mas de novo não consigo, nenhuma palavra descreve essa alegria, esse momento nosso, par.
Assumo rosas, rendas, sianinhas, veludos e lacinhos como acabamento.
Estou me acabando neste instante em ternura inebriante.
Tudo no coração rima enlace.
Nada de nós apertados, atados por certezas vãs.
Fitas de cetim envolvem essa alegria sem pudor.
Cheirinhos de erva doce, camomila e canela acompanham o meu dia.
Dei para cometer flores no cabelo, batom e perfume com exagero.
Ela faz bordados com nomes do amado e poesia.
Ela ensaia doces deleites de amor, cuidado e fantasia.
Tô deixando essa coisa nova invadir meu roteiro,
Esse sentimento que suscita meninices, esbanja mulherices e me leva pro quintal.
No nosso chão quero cultivar (des)temperos, cafunés, sorrisos e ardências.
Quero sobrar pimenta em nossa cama e me entregar dormideira no seu solo, colo.