segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

hoje

Vivo um momento rosa sem receios.
Um tanto acalorada por essa nova realidade,
Devaneio passarinhos entre flores do nosso intimo jardim.
Quando a cortina do dia se fecha.
Somos só nós, somos só nossa própria alegria disfarçada de solidão.
Alegria de sentir todo dia que o amor não precisa ser pequeno.
Ele pode rimar com infinito.
Ele pode desrespeitar fronteiras.
Ele pode se alargar, imensidão.
Vivo um momento rosa e orgulhoso,
Sinto que somos tanta força, quase cachoeira.
Somos quase uma pausa no tempo.
Somos quase silêncio no urbano.
Somos uma música gentil.
Emprestamos ao mundo nosso deslumbramento.
Enquanto o tempo constrói suas licões.
Uma por uma, todos os dias, sem cessar.
Enquanto você cresce, eu me liberto do que dói.
Quando mexe dentro de mim, sorri o meu destino.
Não existe momento mais rosa, e isso não mais me apavora.
Quero tudo que for delicado para compor sua vinda, minha menina.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Você pousou seus passarinhos na minha janela.

Voamos raso, voamos fundo, voamos muito.





A casa do meu amigo

Na casa do meu amigo,tenho um abrigo.

Encontro minha terra perdida, meu quase paraíso.

Lá tudo e nada se parece comigo.

Tem um sol no quintal que esquenta o coração.

E uma sombra na varanda para espantar o calorão.

Tem folhas que ele não varre, esperando o verão.

Caídas, tecem os tapetes da estação.

Na casa do meu amigo o cachorro é desobediente.

E o vento inconsequente espalha amoras doces pelo chão.

A plantação cresce desarvorada, em liberdade indecente.

As cores das paredes, calmamente desbotadas,

adornam velhas canções comigo guardadas.

O violão encostado na parede pede serenata.

Mas ele toca uma moda de viola improvisada,

Doce e bravamente descompassada

Na casa do meu amigo tem mosquiteiro,

pra cuidar de celebrar as coisas simples.

Canequinhas de porcelana aguardando o seu café,

que esquenta o coração de qualquer mulher.

Na casa do meu amigo o quintal é um bosque

habitado por lembranças e vozes de crianças,

que teimam em não crescer.

Lá não tenho medo do escuro dos fantasmas,

tenho velas acesas por todos os lados.

A fala mansa do meu amigo é meu cobertor,

seu sorriso gaiato protetor.


Se dizem que isso é fraqueza,

se esconder da amargura e da tristeza,

na sombra fresca do chápeu do meu amigo,

Não sei, mas faço isso com gosto.



Ele sabe meus segredos e desconfia de minha sorte,

Na sua companhia não sinto sede de vida, ou temo a morte.

Esse amor de amigo é um pote de mel para eu devorar.


Sozinha, inocente e devagar.

sábado, 8 de agosto de 2009

Helena

Estou tontinha de paixão
Ela chega e manda no meu coração
São gestos de puro sol,
Alegria que não cessa.
Não canso de engatinhar pelo chão.
Desfilar minha criança pelo salão.
Sem falar língua comum,
Conversamos com precisão.
Encontro em seu sorriso: remanso.
Em seu olhar descanso.
Em suas traquinagens: inspiração.
Deslizo meu juízo pelo colchão.
Faço dele trampolim:
E salto para onde mora o amor puro.
Estou totalmente entregue a seus apelos,
Faço caretas de satisfação,
Bolinhas de cuspe por diversão,
Com balbucios e gritinhos: canções.
Estou docemente encantada:
A menina quase anjo, quase fada
Despertou a criança
Que se escondia sem esperança,
No meu silêncio.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

NÃO SE APROXIME

Não se aproxime
se não ousar apressar primaveras
Não se aproxime
se seu silêncio não for comunhão
Não se aproxime
se esconder covardias sob o manto da ausência
Não se aproxime
se não fizer azul meu destino
Não se aproxime
se rimar consolo com indecisão
Gosto do que arde
Gosto do que incendeia
Tenho apreço por voôs duplos
E desprezo muros
Prefiro portas,
mesmo as tortas.

domingo, 2 de agosto de 2009

Arrumando a casa

Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
Encontro lugares secretos, quase precipicios.
Descubro pontes que não sei para onde saltam.
Estou de cara para o meu armário de argumentos.
Todos eles pedem paciência.
Sobra despensa para o meu orgulho.
Falta baú para minhas esperanças.
Elas escorrem, sem contenção.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
Devo me arriscar a solidão.
Minha decoração é lembrança.
Minha penteadeira, infância.
Minha cozinha, o tempo.
Minha cama, espera sem desespero.
Minha janela, aguarda passarinhos.
Minha porta, agora alerta.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
Nas paredes, quem me dá alegria.
Na gaveta, quem me tirou a paz.
Na geladeira, o que não devo dizer.
Preguiça de jogar fora o que não presta.
E o que não presta? Reciclo generosa.
No banheiro, chuveiro de choro.
No chuveiro, canção morna ambicionando o verão.
No espelho, uma mulher de lenços e vassoura na mão.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ah, esse novo amor tem gosto de eterno.
Foi só deslumbramento ao descobrir um pouco rosa, meu destino.
Ele me leva às lágrimas e me faz sorrir de modo inédito.
É uma sensação impar de contentamento em meio ao ócio.
A insônia não é desespero, momento precioso para conversar com o que dentro de mim cresce.
Tenho um pouco de medo, mas um tantão de alegria.
Tenho um pouco de dor, mas infinita esperança.
Meu dia só quer encontrar o momento em que posso ouvir nosso futuro.
Meu dia só quer a paz de nosso presente.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O que me tira o sono?
São essas palavras guardadas no fundo da garganta querendo virar grito.
Elas estão aprisionadas numa cela desgastada pelo tempo.
Presas as palavras ecoam pela cabeça que lateja.
Se elas forçassem as grades do medo, poderiam me libertar de ontem.
Quando aprendi que o silêncio é o segredo para viver em paz?
Quando aprendi a ser melhor porque sou cautelosa?
Queria ser possuída por outro tom!
Queria quebrar as garrafas que me foram lançadas mar adentro de mim, displicentes.
Queria romper o pacto de enganar meu coração com excesso de delicadeza.
Hoje estou ácida.
Nenhum ácido,
pode curar essa azia,
Esse enjoô de tudo que cheira a covardia.
Essa cólica de medo que ameaça a vida.
Pés frios de melancolia,
exigem meias de nostalgia.
Mas o sono que de dia me inebria,
a noite se despede e leva a fantasia.

domingo, 21 de junho de 2009

Estado interessante

Estou em paz com meu ócio, o meu corpo exige silêncio.

A fome não ameaça minha vaidade: como a vida sem medidas.

Tudo pode esperar, menos o que o corpo exige. Ele é imperativo.

Hora de dormir, durmo. Hora de comer, como. Hora de fazer xixi, não me demoro.


Ai de mim, se não obedece-lo.

Estou mais velha e não envelheci. Estou mais menina, e tenho meus segredos.

Eles falam de tudo que preciso silenciar para não pintar de cinza, esse momento azul.

Só obedeço as imposições do amor que habita em mim. O amor é meu carrosel.

Vejo a vida mais comprida, vivo sem pressa uma estranha paz.


Sou impressa por abraços, carimbada por cafunés, marcada por encontros graça.

Estou gerando um filho e isso me faz um pouco santa.

Estou gerando um filho e isso me faz um pouco bruxa.

Estou gerando um filho e isso me faz um pouco mansa.

Estou gerando um filho e isso me faz um pouco bicho.

Estou tomada de coragem. Investida de beleza. Seduzida por delicadezas.


A solidão não existe.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O tempo
é asa para o meu ofício:
delirar.

O tempo
é âncora para minha arte:
amar.

O tempo é desespero
para minha mania:
eternizar.

O tempo é
consolo para minha manha:
ameninar.

O tempo é
tempestade para minha natureza:
exagerar.

O tempo é bonança para a santa que mora em mim:
perdoar.

O tempo é
um velho cansado,
empurrado
por uma criança.

O tempo é uma moça bonita,
sorrindo na janela do trem.
A moça vai embora, e o perfume se espalha.


O tempo é o velho do saco,
caçando esperanças crianças
nas ruas cinzas.

O tempo é uma lagarta,
ensaiando belezas suspeitas.

O tempo é um menino levado,
zombando dentro de mim,
fazendo caretas para minha dureza.

sábado, 30 de maio de 2009

Me recuso
a sorrir amarelo,
diante dos céus:
olhos verdes.

Inconho

Duas pessoas celebram num instante
o que é ser intimo,
mas precisam de mais.
Precisam mais que um instante para continuar a festa.
Nesse instante em que querem mais,
se separam por medo de se perderem
do que eram antes.
Sofrem porque precisam demais do outro.
Sonhei coisas dificieis de perpetuar
Sonhei ser imprescindível.
Hoje estou cativa do que chamam ilusão.
Mas vou ouvir atenta os murmurios das minhas águas,
Sentir a quentura fumegante das minhas carnes.
Quero um momento de descanso do que dói,
Quero ouvir o silêncio das estrelas
Me embriagar de beleza natural.
Quero deixar o tempo pairar borboleta sobre o meu ombro.
Quero me espreguiçar lagartixa no meu quintal de boas memórias.
Quero olhar o rio e não advinhar a outra margem.
Quero me desprender do que me enfraquece.
Quero saber ir embora quando não cabe ficar.
Quero saber me despedir sem medo do que virá.
Sou destinada a acreditar no que faz bater o coração,
Gosto de tremer sob efeito de sorrisos, beijos e olhares penetrantes.
Sei o valor de cada virada de esquina.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Essa madrugada vou viver sozinha,
Cheia do que em mim transborda,
Vou perfumar meu travesseiro,
com o afeto que não consigo
expulsar do coração.
Vou me embriagar dessa solidão,
Sentirei cada dor, cada pena,
cada mágoa e desconsolo.
Vou visitar lugares abandonados,
jardins secretos, paixões esquecidas.
Vou ler velhos poemas amarelados,
ver fotos amassadas pelo tempo.
Vou colher vento,
Espalhando escritos pela cama.
Receber tempestades,
borrando o rosto e a maquiagem.
Quando o sol invadir meu quarto,
me verei heróina no espelho,
cabelos em desalinho,
boca seca esperando alívio.
No olhar embraseado,
um restinho de guerreira.
um tanto de sereira,
uma porção mãe.
Essa coisa chamada esperança,
Vai impedir que essa figura cansada,
uma mulher sem menina por perto,
se desfaça em melancolia.

domingo, 24 de maio de 2009




Quero comer o que não é óbvio

e ser alimento para quem é raro.
Ai,quero mastigar a vida devagarzinho,

nada de fast, nada de food.

Preciso provar o improvável.

para incendiar meus manuais.

Quero o sabor das coisas sem buscar comparação

com o que antes senti,

Me embriagar de beleza e cor exagerada.

Quero exagerar o que em mim é vivo.

Quero ser criança para acreditar

e velho para acreditar de novo.

Quero me submeter ao inesperado.

e ficar amiga de todos os santos.

Quero ervas perfumando meu destino.
Quero me acrescentar com asas que não estejam quebradas.

Sinto na boca um gosto de céu,
Estrelinhas, lua e sol dançam nessa caverninha.
Parece que vou inventar um novo poema
Ele rima delicadeza com precisão.
Sinto uma esperança criança nascer
do inevitável passar dos dias.
Ela me comove.
Ela grita desesperada querendo calor.
Ela nasce de uma vontade de ver o horizonte.
Ai, como sou afeita as coisas chãs!
Ambiciono a beleza das pedrinhas, borboletas, brisas e dormideiras.
Todas elas fazem o meu relicário.
Mas hoje, preciso me embriagar de paisagens que me espantem
Preciso sentir na pele o arrepio de quem olha o rio e não vê
A outra margem.
Preciso tingir de absurdo o que se chama cansaço.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O encanto

virou promessa

a promessa virou

herança

a herança

virou

destino

e o destino: esperança.

A esperança também cansa.

virou rotina.

A rotina

virou tédio.

E o tédio virou vingança.

A vingança virou fel.

E o fel envenenou o amor.

O amor virou obsessão.

A obsessão virou o motor.

O motor parou.

Restou saudade.

A saudade virou lembrança.

A lembrança

convidou o triste presente

para dançar.

Dançaram o dia todo

até cansar.

Cansaram do que era são,

mas adoeceram de orgulho vão.

O orgulho virou um muro

aprisionando o coração.

O coração anda perdido

buscando consolação.

Consolação, ele não encontra

nessa briga sem razão.

A razão parece um espelho,

onde existe desacordo.

O desacordo é um desafio,

um repente que não cessa.

Sem cessar a solidão enrijece,

a alma.

A alma repousa na certeza,

escolhe o destino como explicação.

Explicação inventada para adocicar a

desilusão.

A desilusão é uma fonte sem água,

uma dor que se cura com raro remédio.

E o remedio é uma nova paixão,

que perdoe o passado e celebre o por vir.

domingo, 17 de maio de 2009

Essa minha desmedida vontade de ser mais,
Me faz cometer desatinos instransferiveis.
Não culpo ninguém, por perder minha viagem,
Não resta dúvida,
é difícil encontrar quem
goste de beirar precipicios.
Receio me acostumar com a solidão.
Então faço cena, machuco quem não quero.
Rodo a saia, espalhando palavras desencantadas do que é doce e terno.
Dentro do meu peito oco sacodem tristes lembranças.
Essas dores poderiam ter como nome exagero,
Mas todas tem sobrenome: indiferença.
Então, tomo por companhia sonhos pueris.
Me encanto com qualquer palavra que escorra mel.
Volto a ser uma bobinha de saia de pregas
Uma colegial com cadernos nas mãos.
Colorindo de rosa o que exige cinza.
Assim, tem dias que sou uma torrente de lágrimas desabrigadas
ambicionando um lencinho branco.
Tem dias que sou uma tempestades de risos esperando jogral.
Tem dias que o corpo grita o outro e não permite auto contentamento.
Permanece em mim um obsessão por ser amada,
Por ser destinada a um par que encontrarei por aí.
Na verdade,
acho isso tudo uma bobagem,
Um espanto, uma tolice.
Mas no fim da tarde,
Quando meto a chave na porta e tranco o dia lá fora,
Penso encontrar alguém para comungar meu silêncio,
e se embriagar com o nosso perfume.

sábado, 9 de maio de 2009

Quando ela foi mãe, não havia ultrassonagrafia para revelar o que a natureza preparava.
Imagino a emoção daquela mãe olhando aquele corpo miudinho, tão frágil e tão vitorioso.
Imagino o quanto ela ficou contente, imagino o quanto ficou temerosa. Imagino os seus sentimentos contraditórios, o medo de não saber ser mãe e a certeza de que encontraria qualquer resposta no livro da vida, na experiência de cuidar dessa criaturinha. Imagino que neste dia, ela começava a se perder no meio de tantas fraldas(não eram descartáveis), de tantas mamadas, de tantas cólicas e noites de insônia. Imagino que ela também se perdia no meio das primeiras risadinhas, no meio das palavrinhas, no andar desconjuntado daquela menina. Imagino como foi dificil deixar essa criancinha com vinte dias com outro alguém, para trabalhar. Imagino como foi cuidar da febre, dar dor de garganta, das alergias.Imagino como foi duro ver a garotinha receber pontos na língua, injeção todo mês, urinar sangue no piniquinho. Imagino como foi gostoso ver a menina de uniforme, lendo, escrevendo. Imagino como foi divertido ver desenhos animados, fazer pipocas com chocolate, costurar uma boneca maior que a garota. Imagino como foi bonito ver a menina ficando mocinha, sua primeira menstruação, seus peitinhos, seus pêlos.Imagino como foi inesperado saber do primeiro beijo da filha num menino nada recomendado pelos adultos de plantão. Aquela menina boazinha começava a dar trabalho pois suas escolhas não rimavam com verdades, com a tradicional razão. Imagino como foi triste ver a menina moça chorar de amor trancada no quarto, sozinha, isolada. Imagino como foi dificil desde o começo, desde quando ela descobriu que essa criança era uma menina, pensar num destino que não revelasse solidão e submissão. Imagino o quanto ela quis poupá-la. Imagino o quanto ela quis protege-la.
Ai, imagino o quanto ela quis que essa mulher, escrevesse uma história de força, de autonomia, de liberdade. Imagino o quanto ela quis um par, um companheiro bacana para essa filha que só queria ser amada. Imagino como deve ser desconsertante ver o modo como sua filha escreve poesia, fala de sexo, bebe cerveja.. Imagino como foi assombroso acompanhar cada historia mal sucedida, cada decepção, cada desilusão.Imagino como foi emocionante ver a garota insistente amando de novo, de novo, de novo, sempre afirmando a vida. Imagino hoje, como é dificil para essa mãe, não ter sua menina por perto. Imagino como é gostoso quando conversam como duas amigas sobre amores, filmes, receitas, ...
Imagino o quanto ela se preocupa e ocupa sua vida pensando nessa menina crescida. Imagino como ela se orgulha do que sua filha conquista. Imagino como ela se sente ao perceber que não pode mais impedir que sua filhinha viva as dores da vida. Imagino como deve ser bom quando ela e suas três garotas e agora uma neta, repartem suas alegrias. Só imagino, mas eu sei o quanto essa mulher me ama e me quer bem.
Eu sei que é só pensar neste amor, que tenho um cobertor quentinho me aquecendo o corpo e a alma. Eu sei que é só pensar neste amor que eu tenho uma sopinha para curar minha indigestão. Essa mulher está sempre segurando minha mão, está neste instante me colocando no colo...
Sonhei coisas dificieis de perpetuar

Sonhei ser imprescindível.

Hoje estou cativa do que chamam ilusão.

Mas vou ouvir atenta os murmurios das minhas águas,
Sentir a quentura fumegante das minhas carnes.

Quero um momento de descanso do que dói,

Quero ouvir o silêncio das estrelas
Me embriagar de beleza natural.

Quero deixar o tempo pairar borboleta sobre o meu ombro.

Quero me espreguiçar lagartixa no meu quintal de boas memórias.

Quero olhar o rio e não advinhar a outra margem.

Quero me desprender do que me enfraquece.

Quero saber ir embora quando não cabe ficar.

Quero saber me despedir sem medo do que virá.
Sou destinada a acreditar no que faz bater o coração,
Gosto de tremer sob efeito de sorrisos, beijos e olhares penetrantes.
Sei o valor de cada virada de esquina.


sábado, 2 de maio de 2009

Não quero você de qualquer jeito.
Não quero você para espantar meu tédio.
Não quero você para pagar minhas contas tontas.
Não quero você para apagar dores do passado.
Não quero você para ocupar minha rotina.
Não quero você para pendurar meus quadros.
Não quero você para ter sexo fácil.
Não quero você para para ter companhia na pose de qualquer foto.
Não quero você mais ou menos.
Quero nosso olhar febril enquanto fazemos amor.
Quero uma palavra doce no meio da amargura da minha insônia.
Quero só um pouco de ternura.
Quero andar de mãos dadas e entregues.
Quero gargalhadas de espantar vizinhos.
Quero gemidos de espantar a nós mesmos.
Quero pernas trançadas dificies de não se tornarem nós.
Quero um beijo acompanhado de trilha sonora bacana.
Quero uma dança, só quero um par.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sei sangrar sorrindo,
aprendi com algumas santas.
Sei desconfiar do que arde,
aprendi com algumas putas.
Sei ser rosa num dia cinza,
aprendi com algumas meninas.
Sei bater asas e espalhar alivio,
aprendi com algumas fadas.
Sei ser só silêncio,
aprendi com alguns homens.
Sei rir do que em mim dói,
aprendi com todos os palhaços.
Sei incomodar o que é sério,
aprendi com quase todos os bebados.
Só não sei dançar conforme a música,
como a bailarina da caixinha.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Meu coração está disponivel para o seu sim.
Meu corpo está aguardando seu escandalo.
Minha alma repete o seu nome.
Minha boca reclama sua dança.
Meus ouvidos estão famintos de suas fartas gargalhadas.
Minha pele indocil quer sua brasa.
Meu sexo sem você é casa vazia.
Minhas mãos são cheias de memória indecente.

domingo, 12 de abril de 2009

Meu dia é teu espaço.
Minha noite seu cansaço.
Teu silêncio é meu assombro.
Minha vida é teu presente.
Sua presença me amansa.
Nosso amor é uma criança.
Tua vida é meu assunto.
Teu sexo minha precisão.
Tenho uma menina encostada em mim
Ela gosta de passear na minha cama
fazer cosquinhas nos meu pensamentos
bagunçar o meu coreto

Ela insiste em ser alegre
Em apostar na cor
Desenhando minha vida
em seu caderninho rosa

Ai, já tentei expulsá-la daqui
Ai, já fechei os olhos para não vê-la.
Mas ela é tão estrela
Que me paralisa

Então, danço ciranda
brinco de princesa
faço comidinhas
viro fada e escrevo nos meus diários.

Ela não descansa,
Ela não se amansa,
Quer ficar comigo,
insistindo em provocar suspiros.

Ela ri do meu cansaço.
Ri dos meus dilemas,
Zomba do meu passado
E me empurra para o que virá.

Ela é doida e desajustada.
Indecente e exagerada.
Ai, essa tontinha insiste em espantar o tédio
esbanjando esperança

Já disse: Não sou criança!
Mas ela não acata.
Quer esconder meus rancores
exibindo minha ternura.

Essa menina pensa ser meu anjo,
quer me proteger de mim.
Quer me aliviar de todo meu desespero.
me emprestando seu sorriso lindo.

Ela assopra minhas feridas
me contaminando de coragem,
Ela canta uma canção inventada
convidando o sol para minha fresta.

Ai minha menina,
enrola meus cachinhos.
Quero ter um espelho.
para ver melhor seus olhos nus.

sábado, 11 de abril de 2009

Essa cena merece um poema, insisto.

Essa cena merece ser pronunciada, eu sei.

Essa cena, no entanto paralisa meus dedos diante da tecla.

Essa cena é uma cela, prendendo meu pensamento.

Descrever essa maravilha tem sido um tormento.

Nada cabe, nada revela, nada compõe.

Seriam pudores prisão acatando a censura silenciosa?

Seriam timidos impedimentos ruborizando a solidão?

Estou me consumindo, quero escrever e nada sai.

Estou me esvaindo, sem fome, sem paz

No meu corpo um sentimento palavra querendo possuir o papel.

No meu coração um desejo de fazer um poema presente para o amor lilás.

Desconfio que tenho que inventar palavras para descrever nosso encontro cais.

Por hoje, vou narrar no seu ouvidinho bem devagarinho.

A cena emblema que revela nosso amor demais.

Você entre minhas pernas, olhando verde os meus iguais.

Que de tanto olhar para os seus perderam sua cor original.

Você fazendo aquilo que só você faz.

Lindo, indo e vindo por onde ninguém mais.

Língua, saliva, suor, sal e só.

Depois mais e mais.

Uma invasão permitida.

Um desvelamento de tudo que em mim chama fogo.

Um assanhamento de todas as indecentes carnes.

Uma posse desavergonhada da pele acesa e molhada.

Cada vez mais tonta, cada vez mais tara, tatuagem.

Seu sexo, segue embraseando tudo que é morno.

Sua boca segue arrepiando tudo que em mim descansa.

Essa lembrança me faz tomar muitos banhos quando você não está por perto.

Ainda não consigo descrever o que é olhar para você

enquanto avança repetidas vezes sobre o que em mim te aguarda.

Ainda não sei e sigo agoniada.

Quero te dar escrito num papel de carta meu contentamento.

Quero te dar um pedaço do que em mim explode e quer gritar.

Mas de novo não consigo, nenhuma palavra descreve essa alegria, esse momento nosso, par.

Estou enamorada por coisinhas delicadas.

Assumo rosas, rendas, sianinhas, veludos e lacinhos como acabamento.

Estou me acabando neste instante em ternura inebriante.

Tudo no coração rima enlace.

Nada de nós apertados, atados por certezas vãs.

Fitas de cetim envolvem essa alegria sem pudor.

Cheirinhos de erva doce, camomila e canela acompanham o meu dia.

Dei para cometer flores no cabelo, batom e perfume com exagero.

Uma mulherzinha esta morando no meu peito.

Ela faz bordados com nomes do amado e poesia.

Ela ensaia doces deleites de amor, cuidado e fantasia.

Tô deixando essa coisa nova invadir meu roteiro,

Esse sentimento que suscita meninices, esbanja mulherices e me leva pro quintal.

No nosso chão quero cultivar (des)temperos, cafunés, sorrisos e ardências.

Quero sobrar pimenta em nossa cama e me entregar dormideira no seu solo, colo.







quinta-feira, 26 de março de 2009

Em construção

Como ter medo se seus olhos são janelas promessas?
Como ter medo se uma menina dança levada no meu peito quando você está por perto?
Como ter medo se seu nome repetido ao léu no vazio do meu quarto, preenche de poemas meus sonhos comuns?
Como ter medo se seu sorriso é um prato farto para tudo que em mim insiste em ser terno?
Como ter medo se hoje o silêncio não é mais desperdício é um ninho de lembranças quentes de nós?
Como ter medo se minha vida se misturou a sua de forma nua, crua e inteira?
Como ter medo se sua ousadia menina despertou o que em mim buscava pureza?
É esse exagero que me fez perder o medo.
Sei que hoje posso de novo flertar com o improvável
e cometer inevitáveis desatinos.
Seu reflexo não mais me apavora.

terça-feira, 17 de março de 2009

Sei amar,
sem medida,
sem esforço,
sem cautela.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar,
com delicadeza,
com precisão,
com cuidado.

Mas de repente esqueci
como se faz.

Sei amar
sem censura,
com loucura,
sem pudor.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar
como menina travessa,
como mulher guerreira
como sabia anciã.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar
assim gostosinho,
assim bonitinho
cheia de gozo
e carinho.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar indecente como puta,
prudente como santa,
desavisada como tola,
leve como fada.

Mas de repente
esqueci como se faz.


Me ensina a lembrar do que esqueci?
Me ensina a amar de novo?


Quando esse medo passar
Quero pintar promessas janelas
que afirmem o horizonte.
Quando esse medo passar
quero me ameninar, colocando o vento
na cara para rimar alivio.
Quando esse medo passar
quero esticar o tempo
com inuteis gargalhadas cumplices.
Quando esse medo passar
quero uma cena de cinema
repetindo o beijo do amante novo, sem parar.
Quando esse medo passar
Quero ser silêncio para me afeiçoar as estrelas.
Quando esse medo passar
terei meu corpo raptado
pelo excesso.
Quando esse medo passar
poderei dar as mãos ao menino.
Poderei de novo flertar com o improvável
e cometer doces desatinos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Fogos de artifícios combatem meu silêncio preguiçoso.
Insistem explodir meu tédio e inventar companhias.
Desajustadas são essas cores? Prefiro cinzas calmarias?
Não sei onde mora a ousadia num coração que aprendeu a duvidar.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Encontro
Um moinho de flores selvagens espalha perfumes e cores no que era chão.
Encarno rosas e vermelhos como benção.
Cada pétala é uma promessa.
Recolho todas e faço um banho de descarrego.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Esse amor tem gosto de improviso.
Esse amor rima com Quixote.
Esse amor faz crer em fadas.
Esse amor me leva para os santos.
Esse amor é mistério, fonte e espanto.
Esse amor me faz bem demais.
Esse amor me faz agarrar travesseiros.
E dispensar pijamas.
Esse amor é um (des)tempero e eu vou saboreá-lo sem pressa, em paz.

Dúvida

Colhi delicadamente a manhã que penetrava na fresta de minha janela.
Ela iluminou o meu rosto vazio de esperança.
Fiz então um adorno de sonhos verdes, ambicionando que eles amadureçam.
Pendurei essas sementes de amor rentes ao pescoço, como num colar.
Ele está grudado a pele, num tenso limite entre enfeitar e enforcar.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mais..

Uiiiiiissss...
Sons libertinos tocam repetidamente na minha memória.

Aisssssssssss...
Sons libertários sequestram dúvidas e exigem sua presença.

Uiiiiiiisssss...
Sons labaredas pintam o meu tédio de vermelho.

Aiiiiiiiiiss...
Sons lânguidos desafiam o tempo e fazem
Querer você mais e mais.
Sem trégua.
Sem paz.

Uiiiiss..
Só sons cor limão podem azedar minha cômoda solidão.
Aisssssssssssssss...
Fazem a lembrança de você, porto seguro, cais.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Miudezas

Só um pedaço do seu olhar
pode despertar gatinhas assanhadas
miando satisfeitas dentro do meu peito.

Só um naco do seu sorriso
pode escandalizar toda a cidade.
E fazer esquecer nosso nome
história e verdade.

Só um tantinho da sua pele
pode endurecer todas as minhas carnes inertes
e molhar os meus pensamentos tesos.

Só um soprinho no meu pescoço,
pode arrepiar o tédio
e desencarnar fantasmas
que vivem no meu quarto.
Só uma palavrinha sua,
na pressa do meu dia,
pode me fazer pular,
tonta de alegria.
Basta uma roçada leve no seu pêlo
para o meu corpo aceso
fazer do seu cheiro remédio.

Rótulo? Cura cansado coração.

QUERO SER SÓ,
SOU MULTIDÃO.
QUERO SER FLOR,
SOU FLORA,
QUERO SER SOMBRA
SOU ESCURIDÃO.
QUERO SER RIACHO
SOU POROROCA.
QUERO SER TERNURA
SOU DEVASSIDÃO.
SE PENSEI TER UM CÃO COMO COMPANHIA
TENHO VÁRIOS ROSNANDO DENTRO DO PEITO,
ESPALHANDO-SE NAS MINHAS PALAVRAS.
SOU TANTOS EXAGEROS, SOU TANTOS COLETIVOS.
SOU TUDO QUE GRITA,
SOU TUDO QUE ESCANDALIZA.
SOU DESMEDIDA.
NÃO TENHO RÉDEAS.
NÃO TENHO DESCANSO.
JÁ QUE SOU ISSO,
E NÃO CONSIGO SER OUTRA,
TORÇO PARA ENCONTRAR
QUEM CELEBRE MEUS DESATINOS.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quero pedir ao Deus tempo, uma oração que me traga fé e contentamento.
Quero que ele me diga como transformo o silêncio em música.
Quero pedir emprestado a brisa que entra pela janela, a força leve para dançar a vida na ponta do pés. Me leve pés descalços, quero suar gostoso nessa dança cotidiana.Me leve pés de anjo, para qualquer lugar onde eu possa ouvir o mundo sem pressa. Me leve para qualquer lugar em que eu possa rimar solidão com esperança.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

POIS É AMIGO:
PUS A PALAVRA PRESSA NO MEIO DE NOSSO ENCONTRO:ÂNSIA.
PUS A PALAVRA PONTE NO MEIO DE NOSSAS VIDAS: ESPERANÇA.
PUS A PALAVRA PASSADO NO MEIO DE TUDO QUE NÃO É AGORA: FUGA.
PUS A PALAVRA PEDRA NO MEIO DE NOSSO CAMINHO: TROPEÇO.
PUS A PALAVRA PISCINA NO SEU CORAÇÃO DE AQUÁRIO: EXAGERO.
PUS A PALAVRA PERIGO NO QUE ERA PROVOCAÇÃO: MEDO.
PUS A PALAVRA PÁLIDA NO MEIO DO QUE ERA PERDIÇÃO:CANSAÇO.
PUS A PALAVRA PAIXÃO NO MEIO DO QUE ERA PROMESSA: DESATINO.
PUS A PALAVRA PERFEITA NO MEIO DO QUE DEVERIA SER SILÊNCIO:DESPERDÍCIO.
PUS A PALAVRA PÉ NO QUE DEVERIA SER ASA: DESILUSÃO.
PUS A PALAVRA PAREDE NO QUE DEVERIA SER VÃO: DESCONFIANÇA.
AGORA ESTAMOS NÓS PRESOS NA ARMADILHA DE SER PÓ: DESPREENDIMENTO.
RESTA UMA PRECE...
Para mim a fila não anda. Para mim a vida (des)continua...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O beijo - em construção

Olho para ela até cansar. Ela é linda, ensolarada. Sua entrega cura meu desespero. Sinto toleráveis calafrios, nada que me tire o sono. Ao contrário, vou adormecendo acalentada pela imagem.É como se ela, a moça do quadro, sentisse o que preciso sentir e não consigo mais. Fico feliz por ela. Não tenho inveja de como ela se desmancha nos braços do ser amado. Não tenho vontade de roubar-lhe o brilho. Olho admirada o que já fui. Acho comovente como ela se inclina e permite ser profundamente tocada. De leve, de fato. Hoje, poucos são profundamente tocados. Ficamos sós, nós três. Eu, ela e seu homem. Dividimos nossos segredos. Dividimos nossas molduras. Fito nesse espelho, o que ainda resta em mim, mas vai embora aos poucos sem encontrar resistência...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje encontrei com uma criatura sinistra.
Eu estava sentada no sofá de minhas acomodações,
Quando vi do meu lado, uma criatura de dentes amarelos.
Ela sorria debochada.
Seus olhos eram dois buracos sem brilho.
Seus braços compridos gelados encostavam nos meus.
Senti um arrepio de horror.
Ela estava aqui, sem receber convite.
Não tive força para expulsá-la.
Não tinha asas para voar.
Nem meus pensamentos mais azuis escapavam dela.
Meus pés pareciam fincados no piso.
Ela me olhava como se desejasse minha alma inteira.
Ela queria morar no meu coração.
A criatura gargalhava descompassada, mangava de minha meninice.
Fazia com que tudo que rima com sonho parecesse tolice.
Passava a mão nos meus cabelos, querendo possuir o que restava em mim de delicadeza.
De vez enquando me atacava com seu bafo de geladeira.
Caminhei com dificuldades pela casa, ela me seguia.
Ela me fez companhia por toda a noite.
Já não sentia medo quando adormeci.
Era cansaço de tanto fitá-la.
Dor no corpo por sustentar como companhia uma dama que não se chama solidão,
que não se chama morte, que não se chama medo.
Essa dama que me impediu de abrir as janelas, lavar a louça, trocar os lençois se chama desamor.
De vez enquando ela aparece vestida de silêncio e tédio.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Alguém pode me trazer um coração e um pouco de vodka?
Eu juro que mexo direitinho.
O gelo? Deixo para depois.
Alguém pode me entregar um coração delivery,
Embrulhado em papel de seda?
Eu vou guardar a seda
para enfeitar a madrugada de transparências.

Desperdícios

Estou sem inspiração por tempo indeterminado.
Causa: dor sem nome, sem cabimento.
Dor de esperar nua quem não vem.
Dor de fazer da rima, água parada, quase podre, quase limo.
Escorreguei inebriada com seu sorriso, mais uma vez.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

tolices

Esqueci o som da chuva na vidraça,
Aprendi a desconfiar do silêncio das cachoeiras,
Passei a ter ciúme do pôr do sol,
Desprezei fadinhas assanhadas que dançavam no meu ventre.
Pisei sobre dormideiras e marias sem vergonha.
Achei tolice flertar com o acaso.
Mas esse agora que você inaugura,
Vem junto com tudo que é indecente e causa espanto.
Começo abrir janelas e portas,
Aguardo tempestades e calores,
Espero ventanias descortinando esperanças,
Gasto horas imaginando teu perfume.
Ai, que troço é esse que de novo faz tremer minhas carnes?
Sopro então as asas de borboletinhas sonolentas,
que acordam risonhas e fazem cócegas no meu intimo.
Acho que voltei a cultivar amores perfeitos.