terça-feira, 30 de setembro de 2008

Um encontro disfarçado de acaso

Encontrá-lo na esquina do meu sonho foi genial. Você sempre sexy, com seu olhinho de menino moldurado com quase rugas. Sua surpresa ao me ver e sua indisfarçável alegria, me contagiaram. Que bonito! A lguém assim, tão sincero! Tão despreocupado em manter a pose! Você é bacana mesmo, e bonito a vera. Falo isso, sem disfarçar a excitação que sua aparição provocou. Que aparição!! Hoje, estou assim exclamativa.Culpa sua! Desse seu sorriso do tamanho de toda minha esperança na amizade e no amor.Esperança esquecida em algum lugar, neste tempo de corpos descartáveis.Eu? Não sou mais a mesma menina, embora não tenha rugas e ainda um ar brejeiro. Sei, tenho ainda uma leveza de borboleta molhada de casulo.Mas as asas estão destreinadas do vôo. Me ensina a voar de novo? Me faz ver estrelas durante o dia? Me sufoca de alegria? Samba na minha passarela? Me ensina a cantar para fora, alto e no tom? Ai, como foi bom ter visto seu sorriso de anjo. Hoje, você é meu anjo. Isso, até que sua ausência e os nossos compromissos nos separem. Mas vou curtindo esse efeito bacana, esse vicio de te imaginar entrando na minha vida, pela porta da frente,sem cerimônia.Afinal nos conhecemos tanto. E ando esperando sua visita.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sensações; Evaporar.

Ela acordou com o diabo no corpo, escovou os dentes com violência, sangrou. Trocou de roupa sem pena do pano, rasgou.Penteou o cabelo sentindo dor, perdeu meia dúzia de doentes fios. Pintou a boca sem pudor de vermelho puta. Saiu querendo briga, não encontrou. Encontrou com o dia, ela em ebulição, ele, igual. Eta diazinho bobo!! Ela tinha uma quentura no corpo, um assanhamento nas carnes, uma vermelhidão nos olhos. Ela queria acabar com aquilo, antes que aquilo acabasse com ela. Queria acabar com aquilo sozinha, esquentar-se até evaporar. Não queria dividir aquele troço sem nome com ninguém. Era um ódio misturado com desejo de sentir ódio do desejo de sentir ódio. Uma bagunça tremenda. Um troço poderoso. Ela poderia tentar canalizar esse trem, colocar isso nos trilhos. Arrumar um briga no onibus, caçar confusão no meio da rua, transar com um estranho no elevador. Mas decidiu passar o dia ardendo em febre, queimando. Decidiu evaporar-se.

domingo, 21 de setembro de 2008

Sensações: atração por precípicios

Ela, desde sempre, amou encostar-se ao parapeito das janelas de prédios e casas e observar a distância percorrida até o chão. Nunca quis o tombo, nunca quis ferir-se. Quando pequena andava na beira do rio, pé ante pé, observando o fluído das águas sujas de malacachetas. Ela se atrasava experimentando o perigo. Inocente, não calculava, que se caísse apenas emprestaria a saia de pregas bem passadas um gosto de areia, água e pedra. A moça não buscava a morte ou a dor. Ela queria voar e ao colar-se rente ao chão, escapar imune do choque. Não se sabe porque, mas ela não entendia que o choque é iminente. Hoje, essa atração permanece. Ela acaba de experimentá-la, enquanto cruza num coletivo a ponte que separa o Rio de Niterói. Olha com sofreguidão a baia profunda e azul. Cola a testa no vidro e torna a imagem comum; extraordinária. Sente o vento nos cabelos, sente o cheiro de maresia. Não sabe de onde vêm isso, esse sentimento de despenhadeiro, mas enquanto isso lhe atravessa o corpo arrepiando seus pêlos todos e esquentando suas extremidades, um pensamento lhe corta a carne, lembra-se de como ama. Quando ela ama quer sentir o risco de cair desordenadamente, pede a queda sem proteções, sem equipamento reserva, que suavize o movimento. Quer o vento, o sol, a pressão do ar sobre o rosto, desfigurando velhas formas. Quer a expressão intensa da vida imprimindo sem reservas sobre seu corpo sempre virgem, cenas quase inéditas, quase desconcertantes. Um resto de inocência insiste que ela pode escapar da dor e do tédio.

Sensações: tontura

Quando menina ela experimentava rodopiar até ficar tonta e jogar-se sobre a cama. Essa sensação de perder o equilibrio, que ela considera indescritível, ainda permanece. Perder a capacidade de ficar de pé, sem nada que a proteja de si mesma, é delicioso. Ela não exercita mas rodar até cair desordenada sobre o colchão. Embora pense em fazer isso qualquer dias desses, longe do olhar adulto que de dentro dela vigia e sequestra seus pés. Está pensando como vai enganar essa mulher de olhos que nunca piscam.
Mas ela ainda ousa rodopiar e perder o prumo na pista de dança. Neste lugar ela consegue por algumas tontas horas enganar a mulher que nunca sorri, e soltar seus pezinhos que quase não cresceram. Ela têm pés de criança. Para os mais atentos é possível vê-la, linda, entregue ao desequilibrio. De olhos fechados experimenta rodopios, ainda mais tonta pelas batidas hipnotizantes e pelas luzes artificiais. Talvez caia no chão, espatifando-se feito vidro, talvez encontre proteção. Mas sabe que essa sensação acompanha sua vida e que de alguma forma lhe dá sentido.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uma coisa que prende o que ousa cair, escapar desordenado?
Cinto.
Então, isso, cinto saudades.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Exercicios? Para espantar o ódio..

Estou fazendo exercícios para espantar o ódio.
Entre eles ouso descolar as lembranças de suas datas:
Atualizá-las.
Certas sensações aliviam o meu estômago,
me impedem de vomitar desasossegos.
Me impedem de me envenenar com minhas impróprias produções: ácidos.
Quando fecho os olhos me vejo ao seu lado na pista neon: suor.
Dançamos esperanças mas cada um na sua,
Finjo, elas estão juntas, entrelaçadas.
Quero desperdiçar meu ócio memorizando o seu sorriso: lindo.
Endereçar -me lua para sua janela: tela.
Transportar-me leve para seu abraço: bálsamo.
No meu sonho tudo é possível,
Nele estou novamente inteira na sua cama de gatos: nua e sem ódio.