domingo, 16 de setembro de 2012

Rio Bonito, meu amor

Quero pisar nas suas ruas calçadas por pedras tortas.
Quero pular degrau por degrau as escadarias da matriz.
E ouvir os sinos que tocam meu coração.
Pervertida por suas curvas,
Serra esperança,
Sou de novo verde, sou sua aprendiz.
Suas estrelas são lanterninhas acendendo meus sonhos.
Sua brisa amansa meu cansaço.
Fugindo do que reparte o tempo,
Quero minha cidade natal,
Nascedouro do que em mim é força vital.
Quero namorar suas varandas,
Ouvir suas histórias despreocupadas da verdade.
Quero suas geleias, compotas, tortas.
Um gosto do que é raiz brota ao passar por ti.
Casa dos primeiros amores,
Praça onde a inocência beijou a ousadia.
Lugar pra onde vou quando me falta ar e poesia.
Preciso ser mais do que sou
e isso me revela.
A poesia é uma zona que me aproxima do que eu deveria ser.
É aonde me torno maior do que sou na gaiola dos meus pensamentos.
Me liberto num só golpe, empurrando as portas 

com as minhas asas cortadas,
Regeneradas pelo por vir.
Voo livre, tonta, indecente, desajustada, infantil.
Com ela me excedo, com ela me basto, com ela eu me arrebento.
Brinco, brinco feito criança experimentando barro e água.
Ousando ser mais massa plástica do que cimento.
Meus versos são meus castelos sem forma,
minha casa sem endereço,
Sou eu cavalo, sem açoite.
São meus cabelos sem pentes,
Meus desconfortáveis sonhos sem travesseiros de penas.
Sou eu sem ser eu mesma.
letras insones