Na hora do recreio, as professoras estão conversando, sentadas no banco de madeira, freqüentemente são interrompidas pelas crianças, que descobrem bichinhos na terra, contam novidades, reclamam de alguma criança, mostram machucados, pedem para ir até o banheiro. As professoras meio irritadas fornecem rápidas respostas para as crianças, elas querem conversar um pouco, também precisam contar novidades umas para as outras. Clarice que brincava com Sarah, menina que possui “deficiência auditiva parcial”, interrompe as professoras e fala com uma delas:
- Professora não dá para brincar com a Sarah, ela não entende nada que eu falo.A professora diz para Clarice, sem pensar muito, sem ter certeza do que estava dizendo, sem saber se isto daria certo, mas usando de sua própria experiência com Sarah:
- Experimenta olhar nos olhos dela, fala olhando nos olhos de Sarah.
- Mas, tia como assim, eu não sei como fazer isso.
- Vai tenta, Clarice.
A menina voltou alguns minutos depois, sorridente, espevitada, pulando feito perereca:
- Tia, tia, tia aprendi a falar com Sarah, agora eu sei o que é esse negócio de falar olhando no olho.”