quinta-feira, 26 de março de 2009

Em construção

Como ter medo se seus olhos são janelas promessas?
Como ter medo se uma menina dança levada no meu peito quando você está por perto?
Como ter medo se seu nome repetido ao léu no vazio do meu quarto, preenche de poemas meus sonhos comuns?
Como ter medo se seu sorriso é um prato farto para tudo que em mim insiste em ser terno?
Como ter medo se hoje o silêncio não é mais desperdício é um ninho de lembranças quentes de nós?
Como ter medo se minha vida se misturou a sua de forma nua, crua e inteira?
Como ter medo se sua ousadia menina despertou o que em mim buscava pureza?
É esse exagero que me fez perder o medo.
Sei que hoje posso de novo flertar com o improvável
e cometer inevitáveis desatinos.
Seu reflexo não mais me apavora.

terça-feira, 17 de março de 2009

Sei amar,
sem medida,
sem esforço,
sem cautela.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar,
com delicadeza,
com precisão,
com cuidado.

Mas de repente esqueci
como se faz.

Sei amar
sem censura,
com loucura,
sem pudor.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar
como menina travessa,
como mulher guerreira
como sabia anciã.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar
assim gostosinho,
assim bonitinho
cheia de gozo
e carinho.

Mas de repente
esqueci como se faz.

Sei amar indecente como puta,
prudente como santa,
desavisada como tola,
leve como fada.

Mas de repente
esqueci como se faz.


Me ensina a lembrar do que esqueci?
Me ensina a amar de novo?


Quando esse medo passar
Quero pintar promessas janelas
que afirmem o horizonte.
Quando esse medo passar
quero me ameninar, colocando o vento
na cara para rimar alivio.
Quando esse medo passar
quero esticar o tempo
com inuteis gargalhadas cumplices.
Quando esse medo passar
quero uma cena de cinema
repetindo o beijo do amante novo, sem parar.
Quando esse medo passar
Quero ser silêncio para me afeiçoar as estrelas.
Quando esse medo passar
terei meu corpo raptado
pelo excesso.
Quando esse medo passar
poderei dar as mãos ao menino.
Poderei de novo flertar com o improvável
e cometer doces desatinos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Fogos de artifícios combatem meu silêncio preguiçoso.
Insistem explodir meu tédio e inventar companhias.
Desajustadas são essas cores? Prefiro cinzas calmarias?
Não sei onde mora a ousadia num coração que aprendeu a duvidar.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Encontro
Um moinho de flores selvagens espalha perfumes e cores no que era chão.
Encarno rosas e vermelhos como benção.
Cada pétala é uma promessa.
Recolho todas e faço um banho de descarrego.