O tempo
é asa para o meu ofício:
delirar.
O tempo
é âncora para minha arte:
amar.
O tempo é desespero
para minha mania:
eternizar.
O tempo é
consolo para minha manha:
ameninar.
O tempo é
tempestade para minha natureza:
exagerar.
O tempo é bonança para a santa que mora em mim:
perdoar.
O tempo é
um velho cansado,
empurrado
por uma criança.
O tempo é uma moça bonita,
sorrindo na janela do trem.
A moça vai embora, e o perfume se espalha.
O tempo é o velho do saco,
caçando esperanças crianças
nas ruas cinzas.
O tempo é uma lagarta,
ensaiando belezas suspeitas.
O tempo é um menino levado,
zombando dentro de mim,
fazendo caretas para minha dureza.
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