Ipês roxos e amarelos
disputam a minha retina,
tonta de beleza,
escorre poesia.
Na mata da minha infância mora o espanto;
bambus conversam com o meu silêncio,
malacachetas incendeiam meus riachos,
carrapichos ousam ser mais do que espinhos; enfeites.
Nessa trilha habitam a beleza desesperada dos cogumelos,
a luz divina dos vitrais de sereno, teia e sol.
Neste instante borboletas azuis pousam no meu coração,
ele voa.
Sapos infames espantam meu mau humor; sorrisos.
O cheiro de chão me abastece de bom sentimento; suspiros.
Caracóis são anzóis que me prendem à terra amorosamente.
Coisas estranhas invadem meu sossego;
bicho de pau, grilo, esperança e medo.
Margaridas sem vergonha,
seduzem meus cabelos, indecentemente.
Encarno libélulas lambendo o sol no espelho d'água.
Com as Contas de Nossa Senhora, brinco de paraíso.
Na mata da minha infância,
sou um pouco bicho, criança e planta.