Vivo do torto dos meus pensamentos
justo daquilo que é coração,
Aquilo que escapa do relatório,
da planilha, da encadernação.
São inclassificáveis as coisas que têm força
pra mover o amanhã.
Não tem nome o que me faz aplaudir o pôr do sol do Gragoatá,
e namorar os trilhos de São Domingos.
Sigo entusiasmada por estas ruas, adivinhando fugas.
Dentre elas a que mais me agrada:
uma tarde brincando no Jambeiro.
Neste particular, o que urge é água de coco pra minha filha.
Compro na Boa Viagem.
Ficamos, eu mais ela, encantadas em nossa ilha.
Risos, formigas, sorvetes, castelos de areia, baldes de alegria.
Formamos uma dupla incansável,
repetindo descobertas inéditas.
Dormideiras, borboletas, pipas, pombos doentes, cães vadios.
bebês, babás, cabelos brancos, balanços, passarinhos.
Nessa imensa tarde que nunca tarda
mais um instante que nos ata, lentidão.
Viivo do que não se esquadrinha,
do que não pode ser calculado,
Vivo de movimentos incontroláveis,
para os burocratas; desagradáveis
Vivo do que as crianças me ensinaram;
ter apreço por esticar o tempo
a favor da poesia.
letras insones - Agosto de 2011
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