A outra
Fui acostumada a caminhar distraída,Por despenhadeiros.Comungava da mesma sorte que todos os bêbados.Me lambuzava de vida feito criança.Sem freio, sem arreio, sem limite.Era só perdão e esperança.Apostava que amor era igual à romance.Que o beijo era uma aliança.Essa menina ainda resta, na despensa do meu coração.Hoje,Uma amiga disse que sempre trago na moldura um sorriso.Mas em noites vazias, o teto da minha solidão,Carrega de breu o meu quarto.Nele ecoam frases opacas, despossuídas de estrelas.Sorte ter sempre comigo um papel parto.Para gerar outro destino, que não seja fel.Muitas vezes a minha insônia,É movida por um sentimento nada travesseiro.Outras vezes, por um desejo passarinho.Hoje, sinto frio, depois do calor.Sinto febre que dispensa cobertor.Sinto dores intocáveis.Diante delas, faço caretas.Sopro a ferida com o que resta de delicadeza.Sou palhaça, troçando de mim mesma.Mas aprendi a resistir ao que me faz ser menos,Ao que não pode rimar com zelo.Quem for ficar, é pra ser par, é pra ser paz, é pra ser meu. — letras insones em Niterói, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário