sábado, 14 de setembro de 2013

Pragmáticos

Pragmáticos
Confortável no ninho
somos passarinhos de asas machucadas,
prostrados e sozinhos.
Triste seguimos cada um na sua,
entre nossos discos, vinhos e rabiscos.
Sem esperas, sem promessas, sem quimeras.
Absurdamente desconfiados
da lua, do cio, do que queima.
Medo é essa palavra muro,
sem viés, sem desvios, sem janela.
Parados, feito poça d"água,
sem libélula por perto.
Corpo adequado, aprumado, no eixo, sem suor.
Queria fazer um poema cheio de vaga lumes e borboletas
para acordá-lo.
Queria receber um abraço laço,
de perder o fôlego e ganhar presente e futuro.
Mas essa manhã vazia só pode ser preenchida pelo silêncio,
escudo que nos cerca.
Silêncio que não se comove com o decote do meu vestido.
Nada vai mover você desse sofá?
Vamos desprezar nossos suspiros?
É tanto medo que se esconde no meu não.
Fugimos do que pode nos fazer ver a lua e adivinhar feitiços.
Fugimos do que pode rasgar escritos,
Tombar nossos mitos,
Incendiar colchão.
Por isso esse beijo interrompido,
Essa ironia que não descansa,
essa farsa, essa excitação.
Ai, esse não. Esse não que sai doído, morto e vão.
Nos enterra num buraco sem fundo, sem compaixão.
Esse nosso sorriso amarelo, esse ar cordial, essa elegância no trato,
maltrata meu coração.
Que pena, amor.
Tudo agora tem mais pá e cal do que constelação.
letras insones

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