sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quero pedir ao Deus tempo, uma oração que me traga fé e contentamento.
Quero que ele me diga como transformo o silêncio em música.
Quero pedir emprestado a brisa que entra pela janela, a força leve para dançar a vida na ponta do pés. Me leve pés descalços, quero suar gostoso nessa dança cotidiana.Me leve pés de anjo, para qualquer lugar onde eu possa ouvir o mundo sem pressa. Me leve para qualquer lugar em que eu possa rimar solidão com esperança.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

POIS É AMIGO:
PUS A PALAVRA PRESSA NO MEIO DE NOSSO ENCONTRO:ÂNSIA.
PUS A PALAVRA PONTE NO MEIO DE NOSSAS VIDAS: ESPERANÇA.
PUS A PALAVRA PASSADO NO MEIO DE TUDO QUE NÃO É AGORA: FUGA.
PUS A PALAVRA PEDRA NO MEIO DE NOSSO CAMINHO: TROPEÇO.
PUS A PALAVRA PISCINA NO SEU CORAÇÃO DE AQUÁRIO: EXAGERO.
PUS A PALAVRA PERIGO NO QUE ERA PROVOCAÇÃO: MEDO.
PUS A PALAVRA PÁLIDA NO MEIO DO QUE ERA PERDIÇÃO:CANSAÇO.
PUS A PALAVRA PAIXÃO NO MEIO DO QUE ERA PROMESSA: DESATINO.
PUS A PALAVRA PERFEITA NO MEIO DO QUE DEVERIA SER SILÊNCIO:DESPERDÍCIO.
PUS A PALAVRA PÉ NO QUE DEVERIA SER ASA: DESILUSÃO.
PUS A PALAVRA PAREDE NO QUE DEVERIA SER VÃO: DESCONFIANÇA.
AGORA ESTAMOS NÓS PRESOS NA ARMADILHA DE SER PÓ: DESPREENDIMENTO.
RESTA UMA PRECE...
Para mim a fila não anda. Para mim a vida (des)continua...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O beijo - em construção

Olho para ela até cansar. Ela é linda, ensolarada. Sua entrega cura meu desespero. Sinto toleráveis calafrios, nada que me tire o sono. Ao contrário, vou adormecendo acalentada pela imagem.É como se ela, a moça do quadro, sentisse o que preciso sentir e não consigo mais. Fico feliz por ela. Não tenho inveja de como ela se desmancha nos braços do ser amado. Não tenho vontade de roubar-lhe o brilho. Olho admirada o que já fui. Acho comovente como ela se inclina e permite ser profundamente tocada. De leve, de fato. Hoje, poucos são profundamente tocados. Ficamos sós, nós três. Eu, ela e seu homem. Dividimos nossos segredos. Dividimos nossas molduras. Fito nesse espelho, o que ainda resta em mim, mas vai embora aos poucos sem encontrar resistência...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje encontrei com uma criatura sinistra.
Eu estava sentada no sofá de minhas acomodações,
Quando vi do meu lado, uma criatura de dentes amarelos.
Ela sorria debochada.
Seus olhos eram dois buracos sem brilho.
Seus braços compridos gelados encostavam nos meus.
Senti um arrepio de horror.
Ela estava aqui, sem receber convite.
Não tive força para expulsá-la.
Não tinha asas para voar.
Nem meus pensamentos mais azuis escapavam dela.
Meus pés pareciam fincados no piso.
Ela me olhava como se desejasse minha alma inteira.
Ela queria morar no meu coração.
A criatura gargalhava descompassada, mangava de minha meninice.
Fazia com que tudo que rima com sonho parecesse tolice.
Passava a mão nos meus cabelos, querendo possuir o que restava em mim de delicadeza.
De vez enquando me atacava com seu bafo de geladeira.
Caminhei com dificuldades pela casa, ela me seguia.
Ela me fez companhia por toda a noite.
Já não sentia medo quando adormeci.
Era cansaço de tanto fitá-la.
Dor no corpo por sustentar como companhia uma dama que não se chama solidão,
que não se chama morte, que não se chama medo.
Essa dama que me impediu de abrir as janelas, lavar a louça, trocar os lençois se chama desamor.
De vez enquando ela aparece vestida de silêncio e tédio.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Alguém pode me trazer um coração e um pouco de vodka?
Eu juro que mexo direitinho.
O gelo? Deixo para depois.
Alguém pode me entregar um coração delivery,
Embrulhado em papel de seda?
Eu vou guardar a seda
para enfeitar a madrugada de transparências.

Desperdícios

Estou sem inspiração por tempo indeterminado.
Causa: dor sem nome, sem cabimento.
Dor de esperar nua quem não vem.
Dor de fazer da rima, água parada, quase podre, quase limo.
Escorreguei inebriada com seu sorriso, mais uma vez.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

tolices

Esqueci o som da chuva na vidraça,
Aprendi a desconfiar do silêncio das cachoeiras,
Passei a ter ciúme do pôr do sol,
Desprezei fadinhas assanhadas que dançavam no meu ventre.
Pisei sobre dormideiras e marias sem vergonha.
Achei tolice flertar com o acaso.
Mas esse agora que você inaugura,
Vem junto com tudo que é indecente e causa espanto.
Começo abrir janelas e portas,
Aguardo tempestades e calores,
Espero ventanias descortinando esperanças,
Gasto horas imaginando teu perfume.
Ai, que troço é esse que de novo faz tremer minhas carnes?
Sopro então as asas de borboletinhas sonolentas,
que acordam risonhas e fazem cócegas no meu intimo.
Acho que voltei a cultivar amores perfeitos.