sexta-feira, 22 de maio de 2009

O encanto

virou promessa

a promessa virou

herança

a herança

virou

destino

e o destino: esperança.

A esperança também cansa.

virou rotina.

A rotina

virou tédio.

E o tédio virou vingança.

A vingança virou fel.

E o fel envenenou o amor.

O amor virou obsessão.

A obsessão virou o motor.

O motor parou.

Restou saudade.

A saudade virou lembrança.

A lembrança

convidou o triste presente

para dançar.

Dançaram o dia todo

até cansar.

Cansaram do que era são,

mas adoeceram de orgulho vão.

O orgulho virou um muro

aprisionando o coração.

O coração anda perdido

buscando consolação.

Consolação, ele não encontra

nessa briga sem razão.

A razão parece um espelho,

onde existe desacordo.

O desacordo é um desafio,

um repente que não cessa.

Sem cessar a solidão enrijece,

a alma.

A alma repousa na certeza,

escolhe o destino como explicação.

Explicação inventada para adocicar a

desilusão.

A desilusão é uma fonte sem água,

uma dor que se cura com raro remédio.

E o remedio é uma nova paixão,

que perdoe o passado e celebre o por vir.

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