Escrevo pequenos poemas que escorrem das minhas noites insones. São autobiográficos? Não e sim. Poemas simples, de quem precisa da escrita como precisa de ar. Por que escrevê-los num blog? Porque preciso de amigos, amigos-estranhos e de estranhos, penetrando no texto com observações impertinentes. Posso me arrepender disto? Posso. Mas como sou estupidamente apaixonada pela vida perigosa de todos os dias, vou começar..
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
hoje
Um tanto acalorada por essa nova realidade,
Devaneio passarinhos entre flores do nosso intimo jardim.
Quando a cortina do dia se fecha.
Somos só nós, somos só nossa própria alegria disfarçada de solidão.
Alegria de sentir todo dia que o amor não precisa ser pequeno.
Ele pode rimar com infinito.
Ele pode desrespeitar fronteiras.
Ele pode se alargar, imensidão.
Vivo um momento rosa e orgulhoso,
Sinto que somos tanta força, quase cachoeira.
Somos quase uma pausa no tempo.
Somos quase silêncio no urbano.
Somos uma música gentil.
Emprestamos ao mundo nosso deslumbramento.
Enquanto o tempo constrói suas licões.
Uma por uma, todos os dias, sem cessar.
Enquanto você cresce, eu me liberto do que dói.
Quando mexe dentro de mim, sorri o meu destino.
Não existe momento mais rosa, e isso não mais me apavora.
Quero tudo que for delicado para compor sua vinda, minha menina.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A casa do meu amigo
Encontro minha terra perdida, meu quase paraíso.
Lá tudo e nada se parece comigo.
Tem um sol no quintal que esquenta o coração.
E uma sombra na varanda para espantar o calorão.
Tem folhas que ele não varre, esperando o verão.
Caídas, tecem os tapetes da estação.
Na casa do meu amigo o cachorro é desobediente.
E o vento inconsequente espalha amoras doces pelo chão.
A plantação cresce desarvorada, em liberdade indecente.
As cores das paredes, calmamente desbotadas,
adornam velhas canções comigo guardadas.
O violão encostado na parede pede serenata.
Mas ele toca uma moda de viola improvisada,
Doce e bravamente descompassada
Na casa do meu amigo tem mosquiteiro,
Canequinhas de porcelana aguardando o seu café,
que esquenta o coração de qualquer mulher.
Na casa do meu amigo o quintal é um bosque
habitado por lembranças e vozes de crianças,
que teimam em não crescer.
Lá não tenho medo do escuro dos fantasmas,
tenho velas acesas por todos os lados.
A fala mansa do meu amigo é meu cobertor,
seu sorriso gaiato protetor.
Se dizem que isso é fraqueza,
se esconder da amargura e da tristeza,
na sombra fresca do chápeu do meu amigo,
Não sei, mas faço isso com gosto.
Ele sabe meus segredos e desconfia de minha sorte,
Na sua companhia não sinto sede de vida, ou temo a morte.
Esse amor de amigo é um pote de mel para eu devorar.
Sozinha, inocente e devagar.
sábado, 8 de agosto de 2009
Helena
Ela chega e manda no meu coração
São gestos de puro sol,
Alegria que não cessa.
Não canso de engatinhar pelo chão.
Desfilar minha criança pelo salão.
Sem falar língua comum,
Conversamos com precisão.
Encontro em seu sorriso: remanso.
Em seu olhar descanso.
Em suas traquinagens: inspiração.
Deslizo meu juízo pelo colchão.
Faço dele trampolim:
E salto para onde mora o amor puro.
Estou totalmente entregue a seus apelos,
Faço caretas de satisfação,
Bolinhas de cuspe por diversão,
Com balbucios e gritinhos: canções.
Estou docemente encantada:
A menina quase anjo, quase fada
Despertou a criança
Que se escondia sem esperança,
No meu silêncio.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
NÃO SE APROXIME
se não ousar apressar primaveras
Não se aproxime
se seu silêncio não for comunhão
Não se aproxime
se esconder covardias sob o manto da ausência
Não se aproxime
se não fizer azul meu destino
Não se aproxime
se rimar consolo com indecisão
Gosto do que arde
Gosto do que incendeia
Tenho apreço por voôs duplos
E desprezo muros
Prefiro portas,
mesmo as tortas.
domingo, 2 de agosto de 2009
Arrumando a casa
um trabalho danado dá isso.
Encontro lugares secretos, quase precipicios.
Descubro pontes que não sei para onde saltam.
Estou de cara para o meu armário de argumentos.
Todos eles pedem paciência.
Sobra despensa para o meu orgulho.
Falta baú para minhas esperanças.
Elas escorrem, sem contenção.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
Devo me arriscar a solidão.
Minha decoração é lembrança.
Minha penteadeira, infância.
Minha cozinha, o tempo.
Minha cama, espera sem desespero.
Minha janela, aguarda passarinhos.
Minha porta, agora alerta.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
Nas paredes, quem me dá alegria.
Na gaveta, quem me tirou a paz.
Na geladeira, o que não devo dizer.
Preguiça de jogar fora o que não presta.
E o que não presta? Reciclo generosa.
No banheiro, chuveiro de choro.
No chuveiro, canção morna ambicionando o verão.
No espelho, uma mulher de lenços e vassoura na mão.
Estou arrumando a casa,
um trabalho danado dá isso.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Foi só deslumbramento ao descobrir um pouco rosa, meu destino.
Ele me leva às lágrimas e me faz sorrir de modo inédito.
É uma sensação impar de contentamento em meio ao ócio.
A insônia não é desespero, momento precioso para conversar com o que dentro de mim cresce.
Tenho um pouco de medo, mas um tantão de alegria.
Tenho um pouco de dor, mas infinita esperança.
Meu dia só quer encontrar o momento em que posso ouvir nosso futuro.
Meu dia só quer a paz de nosso presente.
terça-feira, 14 de julho de 2009
São essas palavras guardadas no fundo da garganta querendo virar grito.
Elas estão aprisionadas numa cela desgastada pelo tempo.
Presas as palavras ecoam pela cabeça que lateja.
Se elas forçassem as grades do medo, poderiam me libertar de ontem.
Quando aprendi que o silêncio é o segredo para viver em paz?
Quando aprendi a ser melhor porque sou cautelosa?
Queria ser possuída por outro tom!
Queria quebrar as garrafas que me foram lançadas mar adentro de mim, displicentes.
Queria romper o pacto de enganar meu coração com excesso de delicadeza.
Nenhum ácido,
pode curar essa azia,
Esse enjoô de tudo que cheira a covardia.
Essa cólica de medo que ameaça a vida.
Pés frios de melancolia,
exigem meias de nostalgia.
Mas o sono que de dia me inebria,
a noite se despede e leva a fantasia.
domingo, 21 de junho de 2009
Estado interessante
A fome não ameaça minha vaidade: como a vida sem medidas.
Tudo pode esperar, menos o que o corpo exige. Ele é imperativo.
Hora de dormir, durmo. Hora de comer, como. Hora de fazer xixi, não me demoro.
Ai de mim, se não obedece-lo.
Estou mais velha e não envelheci. Estou mais menina, e tenho meus segredos.
Eles falam de tudo que preciso silenciar para não pintar de cinza, esse momento azul.
Só obedeço as imposições do amor que habita em mim. O amor é meu carrosel.
Vejo a vida mais comprida, vivo sem pressa uma estranha paz.
Sou impressa por abraços, carimbada por cafunés, marcada por encontros graça.
Estou gerando um filho e isso me faz um pouco santa.
Estou gerando um filho e isso me faz um pouco bruxa.
Estou gerando um filho e isso me faz um pouco mansa.
Estou gerando um filho e isso me faz um pouco bicho.
Estou tomada de coragem. Investida de beleza. Seduzida por delicadezas.
A solidão não existe.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
é asa para o meu ofício:
delirar.
O tempo
é âncora para minha arte:
amar.
O tempo é desespero
para minha mania:
eternizar.
O tempo é
consolo para minha manha:
ameninar.
O tempo é
tempestade para minha natureza:
exagerar.
O tempo é bonança para a santa que mora em mim:
perdoar.
O tempo é
um velho cansado,
empurrado
por uma criança.
O tempo é uma moça bonita,
sorrindo na janela do trem.
A moça vai embora, e o perfume se espalha.
O tempo é o velho do saco,
caçando esperanças crianças
nas ruas cinzas.
O tempo é uma lagarta,
ensaiando belezas suspeitas.
O tempo é um menino levado,
zombando dentro de mim,
fazendo caretas para minha dureza.
terça-feira, 2 de junho de 2009
domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Inconho
Sonhei ser imprescindível.
Hoje estou cativa do que chamam ilusão.
Mas vou ouvir atenta os murmurios das minhas águas,
Sentir a quentura fumegante das minhas carnes.
Quero um momento de descanso do que dói,
Quero ouvir o silêncio das estrelas
Me embriagar de beleza natural.
Quero deixar o tempo pairar borboleta sobre o meu ombro.
Quero me espreguiçar lagartixa no meu quintal de boas memórias.
Quero olhar o rio e não advinhar a outra margem.
Quero me desprender do que me enfraquece.
Quero saber ir embora quando não cabe ficar.
Quero saber me despedir sem medo do que virá.
Sou destinada a acreditar no que faz bater o coração,
Gosto de tremer sob efeito de sorrisos, beijos e olhares penetrantes.
Sei o valor de cada virada de esquina.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Cheia do que em mim transborda,
Vou perfumar meu travesseiro,
com o afeto que não consigo
expulsar do coração.
Vou me embriagar dessa solidão,
Sentirei cada dor, cada pena,
cada mágoa e desconsolo.
Vou visitar lugares abandonados,
jardins secretos, paixões esquecidas.
Vou ler velhos poemas amarelados,
ver fotos amassadas pelo tempo.
Vou colher vento,
Espalhando escritos pela cama.
Receber tempestades,
borrando o rosto e a maquiagem.
Quando o sol invadir meu quarto,
me verei heróina no espelho,
cabelos em desalinho,
boca seca esperando alívio.
uma mulher sem menina por perto,
se desfaça em melancolia.
domingo, 24 de maio de 2009
Estrelinhas, lua e sol dançam nessa caverninha.
Parece que vou inventar um novo poema
Ele rima delicadeza com precisão.
Sinto uma esperança criança nascer
do inevitável passar dos dias.
Ela me comove.
Ela grita desesperada querendo calor.
Ela nasce de uma vontade de ver o horizonte.
Ai, como sou afeita as coisas chãs!
Ambiciono a beleza das pedrinhas, borboletas, brisas e dormideiras.
Todas elas fazem o meu relicário.
Mas hoje, preciso me embriagar de paisagens que me espantem
Preciso sentir na pele o arrepio de quem olha o rio e não vê
A outra margem.
Preciso tingir de absurdo o que se chama cansaço.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
virou promessa
a promessa virou
herança
a herança
virou
destino
e o destino: esperança.
A esperança também cansa.
virou rotina.
A rotina
virou tédio.
E o tédio virou vingança.
A vingança virou fel.
E o fel envenenou o amor.
O amor virou obsessão.
A obsessão virou o motor.
O motor parou.
Restou saudade.
A saudade virou lembrança.
A lembrança
convidou o triste presente
para dançar.
Dançaram o dia todo
até cansar.
Cansaram do que era são,
mas adoeceram de orgulho vão.
O orgulho virou um muro
aprisionando o coração.
O coração anda perdido
buscando consolação.
Consolação, ele não encontra
nessa briga sem razão.
A razão parece um espelho,
onde existe desacordo.
O desacordo é um desafio,
um repente que não cessa.
Sem cessar a solidão enrijece,
a alma.
A alma repousa na certeza,
escolhe o destino como explicação.
Explicação inventada para adocicar a
desilusão.
A desilusão é uma fonte sem água,
uma dor que se cura com raro remédio.
E o remedio é uma nova paixão,
que perdoe o passado e celebre o por vir.
domingo, 17 de maio de 2009
Me faz cometer desatinos instransferiveis.
Não culpo ninguém, por perder minha viagem,
Não resta dúvida,
é difícil encontrar quem
goste de beirar precipicios.
Receio me acostumar com a solidão.
Então faço cena, machuco quem não quero.
Rodo a saia, espalhando palavras desencantadas do que é doce e terno.
Dentro do meu peito oco sacodem tristes lembranças.
Essas dores poderiam ter como nome exagero,
Mas todas tem sobrenome: indiferença.
Então, tomo por companhia sonhos pueris.
Me encanto com qualquer palavra que escorra mel.
Volto a ser uma bobinha de saia de pregas
Uma colegial com cadernos nas mãos.
Colorindo de rosa o que exige cinza.
Assim, tem dias que sou uma torrente de lágrimas desabrigadas
ambicionando um lencinho branco.
Tem dias que sou uma tempestades de risos esperando jogral.
Tem dias que o corpo grita o outro e não permite auto contentamento.
Permanece em mim um obsessão por ser amada,
Por ser destinada a um par que encontrarei por aí.
Na verdade,
acho isso tudo uma bobagem,
Um espanto, uma tolice.
Mas no fim da tarde,
Quando meto a chave na porta e tranco o dia lá fora,
Penso encontrar alguém para comungar meu silêncio,
e se embriagar com o nosso perfume.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
Imagino a emoção daquela mãe olhando aquele corpo miudinho, tão frágil e tão vitorioso.
Imagino o quanto ela ficou contente, imagino o quanto ficou temerosa. Imagino os seus sentimentos contraditórios, o medo de não saber ser mãe e a certeza de que encontraria qualquer resposta no livro da vida, na experiência de cuidar dessa criaturinha. Imagino que neste dia, ela começava a se perder no meio de tantas fraldas(não eram descartáveis), de tantas mamadas, de tantas cólicas e noites de insônia. Imagino que ela também se perdia no meio das primeiras risadinhas, no meio das palavrinhas, no andar desconjuntado daquela menina. Imagino como foi dificil deixar essa criancinha com vinte dias com outro alguém, para trabalhar. Imagino como foi cuidar da febre, dar dor de garganta, das alergias.Imagino como foi duro ver a garotinha receber pontos na língua, injeção todo mês, urinar sangue no piniquinho. Imagino como foi gostoso ver a menina de uniforme, lendo, escrevendo. Imagino como foi divertido ver desenhos animados, fazer pipocas com chocolate, costurar uma boneca maior que a garota. Imagino como foi bonito ver a menina ficando mocinha, sua primeira menstruação, seus peitinhos, seus pêlos.Imagino como foi inesperado saber do primeiro beijo da filha num menino nada recomendado pelos adultos de plantão. Aquela menina boazinha começava a dar trabalho pois suas escolhas não rimavam com verdades, com a tradicional razão. Imagino como foi triste ver a menina moça chorar de amor trancada no quarto, sozinha, isolada. Imagino como foi dificil desde o começo, desde quando ela descobriu que essa criança era uma menina, pensar num destino que não revelasse solidão e submissão. Imagino o quanto ela quis poupá-la. Imagino o quanto ela quis protege-la.
Ai, imagino o quanto ela quis que essa mulher, escrevesse uma história de força, de autonomia, de liberdade. Imagino o quanto ela quis um par, um companheiro bacana para essa filha que só queria ser amada. Imagino como deve ser desconsertante ver o modo como sua filha escreve poesia, fala de sexo, bebe cerveja.. Imagino como foi assombroso acompanhar cada historia mal sucedida, cada decepção, cada desilusão.Imagino como foi emocionante ver a garota insistente amando de novo, de novo, de novo, sempre afirmando a vida. Imagino hoje, como é dificil para essa mãe, não ter sua menina por perto. Imagino como é gostoso quando conversam como duas amigas sobre amores, filmes, receitas, ...
Eu sei que é só pensar neste amor, que tenho um cobertor quentinho me aquecendo o corpo e a alma. Eu sei que é só pensar neste amor que eu tenho uma sopinha para curar minha indigestão. Essa mulher está sempre segurando minha mão, está neste instante me colocando no colo...
sábado, 2 de maio de 2009
Não quero você para espantar meu tédio.
Não quero você para pagar minhas contas tontas.
Não quero você para apagar dores do passado.
Não quero você para ocupar minha rotina.
Não quero você para pendurar meus quadros.
Não quero você para ter sexo fácil.
Não quero você para para ter companhia na pose de qualquer foto.
Não quero você mais ou menos.
Quero nosso olhar febril enquanto fazemos amor.
Quero uma palavra doce no meio da amargura da minha insônia.
Quero só um pouco de ternura.
Quero andar de mãos dadas e entregues.
Quero gargalhadas de espantar vizinhos.
Quero gemidos de espantar a nós mesmos.
Quero pernas trançadas dificies de não se tornarem nós.
Quero um beijo acompanhado de trilha sonora bacana.
Quero uma dança, só quero um par.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
aprendi com algumas santas.
Sei desconfiar do que arde,
aprendi com algumas putas.
Sei ser rosa num dia cinza,
aprendi com algumas meninas.
Sei bater asas e espalhar alivio,
aprendi com algumas fadas.
Sei ser só silêncio,
aprendi com alguns homens.
aprendi com quase todos os bebados.
Só não sei dançar conforme a música,
como a bailarina da caixinha.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
Minha noite seu cansaço.
Teu silêncio é meu assombro.
Sua presença me amansa.
Nosso amor é uma criança.
Tua vida é meu assunto.
Teu sexo minha precisão.
Ela gosta de passear na minha cama
fazer cosquinhas nos meu pensamentos
bagunçar o meu coreto
Ela insiste em ser alegre
Em apostar na cor
Desenhando minha vida
em seu caderninho rosa
Ai, já tentei expulsá-la daqui
Ai, já fechei os olhos para não vê-la.
Mas ela é tão estrela
Que me paralisa
Então, danço ciranda
brinco de princesa
faço comidinhas
viro fada e escrevo nos meus diários.
Ela não descansa,
Ela não se amansa,
Quer ficar comigo,
insistindo em provocar suspiros.
Ela ri do meu cansaço.
Ri dos meus dilemas,
Zomba do meu passado
E me empurra para o que virá.
Ela é doida e desajustada.
Indecente e exagerada.
Ai, essa tontinha insiste em espantar o tédio
esbanjando esperança
Já disse: Não sou criança!
Mas ela não acata.
Quer esconder meus rancores
exibindo minha ternura.
Essa menina pensa ser meu anjo,
quer me proteger de mim.
Quer me aliviar de todo meu desespero.
me emprestando seu sorriso lindo.
Ela assopra minhas feridas
me contaminando de coragem,
Ela canta uma canção inventada
convidando o sol para minha fresta.
Ai minha menina,
enrola meus cachinhos.
Quero ter um espelho.
para ver melhor seus olhos nus.
sábado, 11 de abril de 2009
Essa cena merece um poema, insisto.
Essa cena merece ser pronunciada, eu sei.
Essa cena, no entanto paralisa meus dedos diante da tecla.
Essa cena é uma cela, prendendo meu pensamento.
Descrever essa maravilha tem sido um tormento.
Nada cabe, nada revela, nada compõe.
Seriam pudores prisão acatando a censura silenciosa?
Seriam timidos impedimentos ruborizando a solidão?
Estou me consumindo, quero escrever e nada sai.
Estou me esvaindo, sem fome, sem paz
No meu corpo um sentimento palavra querendo possuir o papel.
No meu coração um desejo de fazer um poema presente para o amor lilás.
Desconfio que tenho que inventar palavras para descrever nosso encontro cais.
Por hoje, vou narrar no seu ouvidinho bem devagarinho.
A cena emblema que revela nosso amor demais.
Você entre minhas pernas, olhando verde os meus iguais.
Que de tanto olhar para os seus perderam sua cor original.
Você fazendo aquilo que só você faz.
Lindo, indo e vindo por onde ninguém mais.
Língua, saliva, suor, sal e só.
Depois mais e mais.
Uma invasão permitida.
Um desvelamento de tudo que em mim chama fogo.
Um assanhamento de todas as indecentes carnes.
Uma posse desavergonhada da pele acesa e molhada.
Cada vez mais tonta, cada vez mais tara, tatuagem.
Seu sexo, segue embraseando tudo que é morno.
Sua boca segue arrepiando tudo que em mim descansa.
Essa lembrança me faz tomar muitos banhos quando você não está por perto.
Ainda não consigo descrever o que é olhar para você
enquanto avança repetidas vezes sobre o que em mim te aguarda.
Ainda não sei e sigo agoniada.
Quero te dar escrito num papel de carta meu contentamento.
Quero te dar um pedaço do que em mim explode e quer gritar.
Mas de novo não consigo, nenhuma palavra descreve essa alegria, esse momento nosso, par.
Assumo rosas, rendas, sianinhas, veludos e lacinhos como acabamento.
Estou me acabando neste instante em ternura inebriante.
Tudo no coração rima enlace.
Nada de nós apertados, atados por certezas vãs.
Fitas de cetim envolvem essa alegria sem pudor.
Cheirinhos de erva doce, camomila e canela acompanham o meu dia.
Dei para cometer flores no cabelo, batom e perfume com exagero.
Ela faz bordados com nomes do amado e poesia.
Ela ensaia doces deleites de amor, cuidado e fantasia.
Tô deixando essa coisa nova invadir meu roteiro,
Esse sentimento que suscita meninices, esbanja mulherices e me leva pro quintal.
No nosso chão quero cultivar (des)temperos, cafunés, sorrisos e ardências.
Quero sobrar pimenta em nossa cama e me entregar dormideira no seu solo, colo.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Em construção
Como ter medo se uma menina dança levada no meu peito quando você está por perto?
Como ter medo se seu nome repetido ao léu no vazio do meu quarto, preenche de poemas meus sonhos comuns?
Como ter medo se seu sorriso é um prato farto para tudo que em mim insiste em ser terno?
Como ter medo se hoje o silêncio não é mais desperdício é um ninho de lembranças quentes de nós?
Como ter medo se minha vida se misturou a sua de forma nua, crua e inteira?
Como ter medo se sua ousadia menina despertou o que em mim buscava pureza?
É esse exagero que me fez perder o medo.
Sei que hoje posso de novo flertar com o improvável
e cometer inevitáveis desatinos.
Seu reflexo não mais me apavora.
terça-feira, 17 de março de 2009
sem medida,
sem esforço,
sem cautela.
Mas de repente
esqueci como se faz.
Sei amar,
com delicadeza,
com precisão,
com cuidado.
Mas de repente esqueci
como se faz.
Sei amar
sem censura,
com loucura,
sem pudor.
Mas de repente
esqueci como se faz.
Sei amar
como menina travessa,
como mulher guerreira
como sabia anciã.
Mas de repente
esqueci como se faz.
Sei amar
assim gostosinho,
assim bonitinho
cheia de gozo
e carinho.
Mas de repente
esqueci como se faz.
Sei amar indecente como puta,
prudente como santa,
desavisada como tola,
leve como fada.
Mas de repente
esqueci como se faz.
Me ensina a lembrar do que esqueci?
Me ensina a amar de novo?
quinta-feira, 12 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Insistem explodir meu tédio e inventar companhias.
Desajustadas são essas cores? Prefiro cinzas calmarias?
Não sei onde mora a ousadia num coração que aprendeu a duvidar.
segunda-feira, 2 de março de 2009
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Dúvida
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Mais..
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Miudezas
pode despertar gatinhas assanhadas
Só um naco do seu sorriso
Só um tantinho da sua pele
Só um soprinho no meu pescoço,
pode arrepiar o tédio
e desencarnar fantasmas
para o meu corpo aceso
Rótulo? Cura cansado coração.
SOU MULTIDÃO.
QUERO SER FLOR,
SOU FLORA,
QUERO SER SOMBRA
SOU ESCURIDÃO.
QUERO SER RIACHO
SOU POROROCA.
QUERO SER TERNURA
SOU DEVASSIDÃO.
SE PENSEI TER UM CÃO COMO COMPANHIA
TENHO VÁRIOS ROSNANDO DENTRO DO PEITO,
ESPALHANDO-SE NAS MINHAS PALAVRAS.
SOU TANTOS EXAGEROS, SOU TANTOS COLETIVOS.
SOU TUDO QUE GRITA,
SOU TUDO QUE ESCANDALIZA.
SOU DESMEDIDA.
NÃO TENHO RÉDEAS.
NÃO TENHO DESCANSO.
JÁ QUE SOU ISSO,
E NÃO CONSIGO SER OUTRA,
TORÇO PARA ENCONTRAR
QUEM CELEBRE MEUS DESATINOS.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
PUS A PALAVRA PRESSA NO MEIO DE NOSSO ENCONTRO:ÂNSIA.
PUS A PALAVRA PONTE NO MEIO DE NOSSAS VIDAS: ESPERANÇA.
PUS A PALAVRA PASSADO NO MEIO DE TUDO QUE NÃO É AGORA: FUGA.
PUS A PALAVRA PEDRA NO MEIO DE NOSSO CAMINHO: TROPEÇO.
PUS A PALAVRA PISCINA NO SEU CORAÇÃO DE AQUÁRIO: EXAGERO.
PUS A PALAVRA PERIGO NO QUE ERA PROVOCAÇÃO: MEDO.
PUS A PALAVRA PÁLIDA NO MEIO DO QUE ERA PERDIÇÃO:CANSAÇO.
PUS A PALAVRA PAIXÃO NO MEIO DO QUE ERA PROMESSA: DESATINO.
PUS A PALAVRA PERFEITA NO MEIO DO QUE DEVERIA SER SILÊNCIO:DESPERDÍCIO.
PUS A PALAVRA PÉ NO QUE DEVERIA SER ASA: DESILUSÃO.
PUS A PALAVRA PAREDE NO QUE DEVERIA SER VÃO: DESCONFIANÇA.
AGORA ESTAMOS NÓS PRESOS NA ARMADILHA DE SER PÓ: DESPREENDIMENTO.
RESTA UMA PRECE...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
O beijo - em construção
domingo, 25 de janeiro de 2009
Eu estava sentada no sofá de minhas acomodações,
Quando vi do meu lado, uma criatura de dentes amarelos.
Ela sorria debochada.
Seus olhos eram dois buracos sem brilho.
Seus braços compridos gelados encostavam nos meus.
Senti um arrepio de horror.
Ela estava aqui, sem receber convite.
Não tive força para expulsá-la.
Não tinha asas para voar.
Nem meus pensamentos mais azuis escapavam dela.
Meus pés pareciam fincados no piso.
Ela me olhava como se desejasse minha alma inteira.
Ela queria morar no meu coração.
A criatura gargalhava descompassada, mangava de minha meninice.
Fazia com que tudo que rima com sonho parecesse tolice.
Passava a mão nos meus cabelos, querendo possuir o que restava em mim de delicadeza.
De vez enquando me atacava com seu bafo de geladeira.
Caminhei com dificuldades pela casa, ela me seguia.
Ela me fez companhia por toda a noite.
Já não sentia medo quando adormeci.
Era cansaço de tanto fitá-la.
Dor no corpo por sustentar como companhia uma dama que não se chama solidão,
que não se chama morte, que não se chama medo.
Essa dama que me impediu de abrir as janelas, lavar a louça, trocar os lençois se chama desamor.
De vez enquando ela aparece vestida de silêncio e tédio.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Embrulhado em papel de seda?
Eu vou guardar a seda
para enfeitar a madrugada de transparências.
Desperdícios
Causa: dor sem nome, sem cabimento.
Dor de esperar nua quem não vem.
Dor de fazer da rima, água parada, quase podre, quase limo.
Escorreguei inebriada com seu sorriso, mais uma vez.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
tolices
Aprendi a desconfiar do silêncio das cachoeiras,
Passei a ter ciúme do pôr do sol,
Desprezei fadinhas assanhadas que dançavam no meu ventre.
Pisei sobre dormideiras e marias sem vergonha.
Achei tolice flertar com o acaso.
Mas esse agora que você inaugura,
Vem junto com tudo que é indecente e causa espanto.
Começo abrir janelas e portas,
Aguardo tempestades e calores,
Espero ventanias descortinando esperanças,
Gasto horas imaginando teu perfume.
Ai, que troço é esse que de novo faz tremer minhas carnes?
Sopro então as asas de borboletinhas sonolentas,
que acordam risonhas e fazem cócegas no meu intimo.
Acho que voltei a cultivar amores perfeitos.